terça-feira, novembro 29, 2005

Judiciário Nepostista e Inconstitucional

A relação do judiciário com a leis no Brasil fica escrachada na atuação da AMB contra a resolução do Conselho Nacional de Justiça que tenta coibir o nepotismo.

Outro exemplo terrível disso é o fato dos recessos inconstitucionais dos Tribunais contrariando o texto constitucional (Diz o art. 93: XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente;)

A leis no Brasil não pegam por várias razões, mas dentre elas está o sentimento de que as leis não são aplicáveis a si mas só aos outros.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Ranço de um velho...


Me chamem de velho, de ranzinza, o que quiserem, mas mesmo assim, depois de duas horas e meia de um show extasiante, eu saí assobiando (e alimentando a esperança de ouvir ao vivo):

Hey...oooh...
Sheets of empty canvas, untouched sheets of clay.
Were laid spread out before me as her body once did
All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed
Has taken a turn
Ooh, and all I taught her was everything
Ooh, I know she gave me all that she wore

And now my bitter hands
shake beneath the clouds
Of what was everything?

Oh, the pictures have all been washed in black, Tattooedeverything...

I take a walk outside
I'm surrounded by some kids at play
I can feel their laughter,
So why do I sear?
Hard and twisted thoughts that spin round my head
I'm spinning, oh, I'm spinning
How quick the sun can, drop away
And now my bitter hands cradle broken glass
Of what was everything?

All the pictures have all been washed in black, tattooedeverything...

All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be...yeah...

Uh huh...uh huh...ooh... I know someday you'll have a beautiful life, I know you'll be a star, In somebody else's sky, but why Why, why can't it be, oh can't it be mine...

Eu estava pensando que talvez da próxima vez, quando eu já tiver uns 40 e tantos, eu já não agüente mais ir de pista. Mas depois que eu conversei com o Vidal, que fez 50 esse ano, que foi com a mulher e o filho de pista, chegando às 4 e meia da tarde para pegar um lugar perto do palco e saiu maravilhado às 11h50min, chego à conclusão que venham quando vierem (40, 50 ou 60), eu estarei lá novamente.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Pena que o despertador tocou... - Luteraturnost

Pena que o despertador tocou. Eu sonhava com futebol e precisão técnica sob stress.
O ponto de vista era o de um torcedor que estivesse nas cadeiras perpétuas do Estádio Beira-Rio, olhando para a grande área do lado do placar, do lado do gol de Figueroa.
Um jogador do Internacional vai em direção ao gol e é seguro, por trás, por um zagueiro... 'Pênalti', salta à mente e à boca instantaneamente. O árbitro marca a penalidade.

O despertador toca. Eu o desligo.

Gavilán é o responsável pela cobrança. Meus olhos flutuam a uma distância de dois palmos para cima e para trás de sua cabeça.
Há apreensão pois ele não é um especialista...

Já estou quase acordando.

90% das cobranças de pênalti feitas por jogadores destros vão para o canto direito. Qualquer treinador de goleiros sabe disso. Será que esse goleiro sabe disso?
Gavilán é destro.
Ele corre para a bola e meus olhos correm junto, só que agora rente ao chão, acompanhando seu pé direito. O goleiro se mexe, finta uma saída para o canto esquerdo. Gavilán gira o quadril mudando o ângulo da perna e o goleiro já está caindo para o canto direito quando ele bate de chapa, do lado esquerdo, a meia distância entre a trave e o meio do gol.
Meus olhos acompanham a bola até o fundo da rede e eu acordo definitivamente.

domingo, novembro 20, 2005

A injustiça dói - Ludopédio

Roubo Descarado
Lembro do Ariano Suassuna contando a história de um bloco carnavalesco que competia ano após ano e sempre era prejudicado pelos jurados. Até que um ano eles sairam às ruas cantando uma marchinha, da qual tenho vaga lembrança.

Queremos dizer que a injustiça dói
Mas somos madeira de lei
que o cupim não rói


Queiram ou não queiram os juízes
Nosso bloco é de fato campeão

Depois do que aconteceu hoje no Pacaembu, acho que podemos sair às ruas cantando essa marchinha, ou algo parecido.

Sempre houve uma guerra de bastidores no futebol brasileiro. Podemos dizer que temos a hegemonia do futebol mundial dentro e fora de campo. João Havelange passou o cetro mas não perdeu a magestade. A comissão de arbitragem da Fifa é presidida por um brasileiro. Os famosos cartolas têm poder político inclusive para barrar no Congresso aquela que seria a CPI do Futebol.

Qual é a importância de presidir uma comissão de arbitragem? Voltemos ao caso de hoje. Se o jogo fosse Internacional e Corintians no Beira-Rio, o presidente da comissão de arbitragem provalmente selecionaria para o sorteio árbitros ríspidos que não se deixassem influenciar pelo ambiente do jogo. Mas como o jogo foi no Pacaembu lotado, os árbitros selecionados para o sorteio foram aqueles permeáveis às pressões locais. Não há nada de ilegal nessa seleção, dirão. Só que mesmo não sendo ilegal, claramente influi no rumo das partidas.

Em 1995, no Pacaembu, Márcio R. de Freitas validou um gol em impedimento que deu o título do Campeonato Brasileiro ao Botafogo. Hoje, ele não deu o pênalti que definiria a vitória do Internacional e ainda expulsou o jogador que sofreu a carga do goleiro. Acho que só a foto já demonstra que ele foi abalroado. Agora, publicamente, ele pede desculpas pelo falha. Em dez anos esse homem decidiu, com seus erros, dois Campeonatos Brasileiros.

Não bastasse a força 'política' de alguns clubes brasileiros para influenciar a seleção de árbitros, agora temos um triste componente novo: o poderio econômico. Pela primeira vez, dentro e fora de campo, o campeonato brasileiro foi desequilibrado pelo peso dos 100.000.000 de investimento feitos pela MSI no Corintians. Contra times que não investiram nem 10% disso, a disputa já seria difícil, se fosse justa. Só que com a série coincidências já configura concorrência desleal. Deveríamos chamar o CADE para intervir. O Ministério Público já está agindo, investigando a origem espúria do dinheiro lavado pelo futebol do Corintians, mas ainda não investiga como o dinheiro não lavado tem tanta influência quanto o outro.


Queremos dizer que a injustiça dói
Mas somos madeira de lei
que o cupim não rói


Queiram ou não queiram os juízes
Nosso bloco é de fato campeão


Veja a versão correta da música, sem traições de memória.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Compra de votos

Sempre defendi que a compra de votos e o caixa 2 não são mazelas de situação ou de oposição, direita ou esquerda, mas sim do sistema deficiente da política representativa.
Opinei no Origem das Espécies sobre a cassação de Dirceu e a manutenção do sistema que possibilita (requer, segundo alguns) essas estratégias.

terça-feira, novembro 15, 2005

E se saíssemos da caverna? - Literaturnost

(...)
Vamos imaginar que todos nós nos soltássemos da caverna. E todos contemplássemos a luz do meio-dia. O que aconteceria?
Provalvelmente teríamos a visão ofuscada e não enxergaríamos nada.
É o que acontece com os personagens do Saramago. Eles têm uma cegueira branca.
(...)
Livres da caverna não veríamos nada. (...)

Diz-se a um cego, Estás livre, abre-se-lhe a porta que o separava do mundo, Vai, estás livre, tornamos a dizer-lhe, e ele não vai, ficou ali parado no meio da rua, ele e os outros, estão assustados, não sabem para onde ir (...). Ensaio sobre a cegueira, p. 211

Quanto tempo é necessário para que os olhos se adaptem a uma nova imago mundi? Esse talvez seja o tempo necessário para construir alternativas plausíveis para um mundo desumanizado.

(Trecho da fala 'Ensaio da desilusão' sobre literatura e política na 51ª Feira do Livro de Porto Alegre)

terça-feira, novembro 08, 2005

O tempo mais justo - Literaturnost


(...)
"Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer um vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.

E o tempo que levou uma rosa indecisa
(ou eram margaridas?)
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis."
(...)
Campo de Flores - Carlos Drummond de Andrade

sábado, novembro 05, 2005

A valsa vienense - Shadowlands


Tenho sentido tonturas. 'Tontura não é nada, é fraqueza', alguns dizem. 'Tontura não é doença'. Às vezes a tontura é forte o suficiente para me fazer sentar; recostar. Há um mês, foi forte o suficiente para eu perder o controle e bater o carro. Mas 'tontura é normal'.
Acho que estou sofrendo de dois tipos de tontura: uma física, por fraqueza, má alimentação; outra psíquica, causada pela pressa do mundo.
Estar fraco, levantar-se rápido e sentir-se tonto 'é normal'. Estar parado, deitado, e sentir-se tonto ao passar as idéias em rápida revista é sucumbir à velocidade do mundo.
Meus olhos ardem na penumbra recôndita - sem sol, nem ventania - a ponto de sentir-me obrigado a fechá-los.
E assim, com os olhos fechados, prostrado, com as mãos crispadas em vão, não me resta nada a fazer a não ser entregar-me a esta hecatombe de idéias e dançar a valsa vienense neste torvelinho que atravessa a madrugada...