domingo, novembro 20, 2005

A injustiça dói - Ludopédio

Roubo Descarado
Lembro do Ariano Suassuna contando a história de um bloco carnavalesco que competia ano após ano e sempre era prejudicado pelos jurados. Até que um ano eles sairam às ruas cantando uma marchinha, da qual tenho vaga lembrança.

Queremos dizer que a injustiça dói
Mas somos madeira de lei
que o cupim não rói


Queiram ou não queiram os juízes
Nosso bloco é de fato campeão

Depois do que aconteceu hoje no Pacaembu, acho que podemos sair às ruas cantando essa marchinha, ou algo parecido.

Sempre houve uma guerra de bastidores no futebol brasileiro. Podemos dizer que temos a hegemonia do futebol mundial dentro e fora de campo. João Havelange passou o cetro mas não perdeu a magestade. A comissão de arbitragem da Fifa é presidida por um brasileiro. Os famosos cartolas têm poder político inclusive para barrar no Congresso aquela que seria a CPI do Futebol.

Qual é a importância de presidir uma comissão de arbitragem? Voltemos ao caso de hoje. Se o jogo fosse Internacional e Corintians no Beira-Rio, o presidente da comissão de arbitragem provalmente selecionaria para o sorteio árbitros ríspidos que não se deixassem influenciar pelo ambiente do jogo. Mas como o jogo foi no Pacaembu lotado, os árbitros selecionados para o sorteio foram aqueles permeáveis às pressões locais. Não há nada de ilegal nessa seleção, dirão. Só que mesmo não sendo ilegal, claramente influi no rumo das partidas.

Em 1995, no Pacaembu, Márcio R. de Freitas validou um gol em impedimento que deu o título do Campeonato Brasileiro ao Botafogo. Hoje, ele não deu o pênalti que definiria a vitória do Internacional e ainda expulsou o jogador que sofreu a carga do goleiro. Acho que só a foto já demonstra que ele foi abalroado. Agora, publicamente, ele pede desculpas pelo falha. Em dez anos esse homem decidiu, com seus erros, dois Campeonatos Brasileiros.

Não bastasse a força 'política' de alguns clubes brasileiros para influenciar a seleção de árbitros, agora temos um triste componente novo: o poderio econômico. Pela primeira vez, dentro e fora de campo, o campeonato brasileiro foi desequilibrado pelo peso dos 100.000.000 de investimento feitos pela MSI no Corintians. Contra times que não investiram nem 10% disso, a disputa já seria difícil, se fosse justa. Só que com a série coincidências já configura concorrência desleal. Deveríamos chamar o CADE para intervir. O Ministério Público já está agindo, investigando a origem espúria do dinheiro lavado pelo futebol do Corintians, mas ainda não investiga como o dinheiro não lavado tem tanta influência quanto o outro.


Queremos dizer que a injustiça dói
Mas somos madeira de lei
que o cupim não rói


Queiram ou não queiram os juízes
Nosso bloco é de fato campeão


Veja a versão correta da música, sem traições de memória.

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