sexta-feira, junho 18, 2010

Brasil 2 x 1 Coréia do Norte

Antes tarde do que depois do segundo jogo. Não tenho opinado sobre futebol por aqui porque tenho seguido o conselho de Nick Hornby. No início do livro Febre de Bola, o personagem narrador admite que logo depois de acordar já está pensando em futebol. Quando perguntado 'no que está pensando?', mente. Mente por medo de ser considerado insano e ser cortado do contato com o mundo dos seres humanos normais. Durante a Copa do Mundo, o multiprocessamento de tudo o que é precisa dar conta na vida cotidiana é sobrecarregado pela enorme quantidade de expectativas e emoções que fervilham a cada dia. O fuso horário da África do Sul ainda complica essa situação. Temos jogos das 8:30 até as 18, seguidos da repercussão e dos vts de cada uma das partidas. Parece que a Copa tem o dobro da duração. Como os jogos são durante o horário de trabalho, não há possibilidade de assistir sequer um jogo ao vivo. Quando se chega em casa já se tem pré-selecionado os vts que se quer (precisa) assistir. Mas vamos à Seleção e ao primeiro jogo.

Quanto à convocação, não encontro explicação para a convocação de Kléberson e não termos um reserva para Kaká. Quantos bons armadores poderíamos convocar? Um velho? Ronaldinho Gaúcho; um novo? Não sei. Ganso já estava machucado e foi operado hoje. O que é inegável é que Kaká já não estava bem o ano todo e ainda não está bem.

Na estréia, a Seleção jogou num esquema de estranha simetria: 1-2-4-2-1. Julio César de um lado e Luis Fabiano no outro; os dois zagueiros são Lucio e Juan e os dois armadores são Elano e Robinho. Nosso meio é formado por Maicon, Gilberto Silva, Felipe Melo e Michel Bastos. Além de ser um palíndromo perfeito, não há muito a elogiar nessa formação. Vocês devem ter notado, são só 10 jogadores. De fato. Kaká estava em qualquer lugar e em nenhum lugar. Contra a Coréia, jogar com um a menos, não faz muita diferença mas contra a Costa do Marfim e contra Portugal não poderemos nos esse luxo.

Dunga foi alçado a técnico da Seleção Brasileira justamente para quebrar um ciclo vicioso que nos levou a duas derrotas para França. Na primeira derrota, na final do mundial, Ronaldo foi escalado após ter sofrido convulsões. Não só não estava em condições como também deixou todos os colegas preocupados. Claro que eles foram melhores, mas nós também colaboramos. A segunda derrota para a França foi o fim de uma convocação que levou vários jogadores fora de forma para, quem dera, entrar em forma durante o mundial. Ao dar poder a um técnico chamado de 'surdo', 'insensível', etc, para fazer conduzir o trabalho de preparação e a convocação de uma forma diferente, era de se esperar que a lição 'Copa não é lugar para experiências' estivesse já marcada a fogo na CBF. Mas parece que não. Kaká ainda chegou e não se sabe se chegará. E se ele não chegar, teremos que improvisar porque não levamos ninguém para o seu lugar.

Sou gaúcho mas não sou dungista, sou brasileiro mas não sou cego. Mesmo assim, torço pela Seleção, torço para que Kaká enfim chegue à África do Sul e torço para estar errado. Que a história não se repita.

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