Eu não conhecia o grande Opinião porque sua maior expansão ocorreu nos últimos dez anos, quando estive fora do circuito, e foi impactante o constraste da pequena garagem da Joaquim Nabuco, ainda hoje uma área residencial - imaginem nos anos 80 - , e a grande casa de espetáculos, bem aparelhada e com ótima lotação em plena segunda-feira.
Os The Darma Lovers abriram a noite às onze e meia tocando suas músicas e uma versão de 'Quando o sol bater...' da Legião Urbana. O Jimi Joe, na viola de 12, e o 4nazzo, na guitarra, já garantiam muita qualidade mas o baixista foi um show a parte segurando a cozinha junto a uma boa percussão, que poderia ser mais ousada. Fecharam com 'O senhor da dança', se não me engano, em grande estilo.
Não havia Smirnoff Ice e tive que me contentar com Orloff.
Los Hermanos, para o meu ouvido, é uma banda que toca algo tipo Bossa'n'Roll. O vocal parece João Gilberto, quase recitando, para dentro, sem grandes variações melódicas e os arranjos tem a riqueza dissonante da bossa e do jazz. Em disco é um pop depressivo bem acabado.
Minha grata surpresa é que no palco a coisa toda muda radicalmente de figura. O peso das guitarras aumenta (e também seu volume), o baterista parece outro e os vocais passam da recitação ao berro.
O que poderia ser 'um banquinho, um violão' transforma-se num verdadeiro show de rock. Algumas vezes, um pop sincopado, excelente.
Quando eles lançarem um disco ao vivo passarão a contar com mais um admirador.
A essas alturas, algumas Ices na cabeça e outra na mão, estômago vazio, madrugada de terça, a Graforréia acabou ficando para a próxima, que espero não demore outros dez anos.