Literatura - 2005
F.J. Viegas - Longe de Manaus
“Da janela do quarto ele vê mais além: uma linha de coqueiros pendurada sobre o mar que ficou amarelado com as chuvas. Mas, se vivesse muitos anos, seria o som do clarinete que recordaria, um som estridente que o levaria a recordar as grandes canções da sua vida, se recordasse as grandes canções e não apenas esse emaranhado de cores das capas dos discos, ou de coisas a preto e branco. E nenhum clarinete foi como aquele, também, o que se ouvia ao começo da noite, entre o cheiro de comida, os ruídos da rua, as gargalhadas do bar na esquina, onde se vendia cerveja Kaiser e aguardente de cana. Nenhuma recordação foi como aquela, o que era bastante triste num homem obrigado a deixar tudo para trás.”
(grifos meus, Longe de Manaus, parágrafo final do Cap. 2)
(grifos meus, Longe de Manaus, parágrafo final do Cap. 2)
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