quinta-feira, outubro 20, 2005

Gol Eterno - Ludopédio

Os deuses do futebol haviam decretado, lá do alto, o empate. Mais. Eles tinham decidido honrar quatro jogadores: Abbodanzieri, que literalmente abafou Sóbis no 1º tempo e Jorge Wagner no 2º; Clemer, que fez a defesa elástica na cobrança de falta perfeita; Schiavi, maestro da resistência portenha; e Ediglê, de soberana elegância, com passadas que lembravam Falcão. E a defesa se impunha por vontade divina e empenho dos mortais.

Não foi senão no último minuto que, num descuido dos deuses, o heróico feito se concretizou. Do herói se espera que transcenda sua mera condição de mortal e mude o destino que parece imutável. Falta na intermediária, pelo lado direito. Ceará diz a Jorge Wagner, o cobrador oficial, que ele próprio cobrará - talvez isso tenha confundido um pouco os deuses da marcação. A bola não é alta, vai em direção aos 15 jogadores que se engalfinham. Na risca da área, de costas para o gol, Sóbis raspa seu topete na bola, o suficiente para encobrir a todos e cair na entrada da pequena área, do lado oposto, onde estava o pé de Fernandão, aos 48 min. e 22 seg., para marcar o gol improvável.

O grito de gol misturou-se com a comemoração pela vitória e ecoou longamente. Ninguém queria sair do estádio, todos queriam guardar aquele momento para sempre. Nos arredores do estádio, quando a rádio reproduzia a narração, as pessoas gritavam gol a plenos pulmões junto com o narrador e se abraçavam emocionadas.

Num descuido dos deuses, num breve momento, um ato heróico deixa uma marca no tempo: um gol eterno.

1 Comentários:

At 20 outubro, 2005 23:41, Anonymous Anônimo disse...

Assim até eu vou começar a ir ao Beira-Rio. E olha que eu sou gremista!

 

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