sexta-feira, outubro 27, 2006

52ª Feira do Livro

E a Feira do Livro, como já é de praxe, abriu suas bancas antes da abertura oficial. O cheiro de livros recém desempacotados misturava-se com o cheiro de tinta fresca de alguns estandes. Os passantes ainda olhavam desconfiados. Mas os pipoqueiros, estrategicamente posicionados, soltaram seus discretos fogos de artifício e inundaram os corredores com o cheiro tradicional. Isso foi suficiente para que todos entendessem que a Feira estava de volta; que o corrido caminho da Rua da Praia, atravancado, agora tinha um longo desvio por dentro da praça. E o cheiro de gente misturada passou desapercebido porque, como tudo o mais, estava suspenso pela hipnose de milhares de livros.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Chão de Estrelas / Cloths of Heaven


Educação Superior e debate de idéias

Estou cansado de ouvir piadinhas sobre a origem humilde de Lula. Analfabeto, iletrado e outras de mais baixo calibre são comuns. Ainda hoje recebi mais um e-mail desses. Quem despreza Lula por sua origem e formação, despreza a esmagadora maioria das pessoas desse país. Essa postura elitista só aumenta nosso 'apartheid' cultural demarcando os que têm cultura (e não repartem com ninguém) e os que não têm.

Eu sei, é uma babaquice sem tamanho querer entrar num debate desses. Eu sei que deveríamos estar debatendo realizações (boas para o país) e propostas efetivas. Os debates sobre ações e idéias, antes e ao invés de ataques pessoais, poderiam ser uma demonstração de 'cultura'.

Quanto à minha área, Educação Superior:

"Cabe a nós testemunhar aos brasileiros e brasileiras a ocorrência de avanços significativos e históricos na área da educação superior nos últimos quatro anos, reafirmando a necessidade de sua ampliação e consolidação. Dessa maneira, cumprimos nosso dever de cidadãos responsáveis, alertas, atuantes e abertos ao diálogo, construindo e defendendo a universidade pública de qualidade, patrimônio da cultura e da sociedade brasileira." (Manifesto de Reitores à Nação Brasileira - íntegra)

Espero que aqueles abertos ao diálogo estejam dispostos a debater se houve realmente, ou não, avanço significativo no trato do Ensino Superior nestes últimos anos. Eu concordo com os Reitores de universidades públicas e acrescento consideráveis mudanças na regulação e avaliação do ensino privado que fora multiplicado descontroladamente na era FHC. Também estou aberto ao diálogo.

Voltando à baixaria: Lula, talvez por não ter um curso superior, dá mais atenção à universidade do que FHC, pós-graduado.

sexta-feira, outubro 20, 2006

A mídia explode a bomba e lava as mãos

Grande Irmão
Agradeço ao meu amigo Desobediente que me mantém atualizado nas bombas de mídia. Sei que muitos de vocês já devem ter lido, no blog do Paulo Henrique Amorim, o Delegado da Polícia Federal dizendo aos repórteres que vai mentir para o Superintendente mas que quer ter certeza de que vai sair no Jornal Nacional, com devido photoshop para ocultar algumas coisas, etc. Só que os repórteres além de tomarem a informação ainda gravaram a conversa. Dá para ler a transcrição e/ou ouvir a charla.

A parte que eu mais gostei foi a despedida:

Delegado Edmilson Bruno – Então Globo e Band eu fico tranqüilo?
Repórter – Pode ficar, pode ficar.
Delegado Edmilson Bruno – Que hora é o Jornal Nacional, oito da noite? Vou ligar a TV nesse horário, hein?
Repórter – Pode ficar sossegado.
Repórter – Tchau, doutor.

A melhor de todas é o 'pode ficar sossegado', que deveria ter como complemento, 'que nós entregamos as fotos e te entregamos também'. No blog tem o nome dos repórteres, mas na transcrição eles foram poupados. E assim a mídia continua exercendo o Miniver, em Novilíngua, encontrando dentro do Estado um culpado pelo golpe que influenciou a votação no primeiro turno, eximindo-se da fabricação da bomba. A diferença é que aqui a mídia é seu próprio partido, é o próprio Grande Irmão, ou seja, ela reconstrói a aparência de que sempre 'diz a verdade'. Só que divulgar aos pedaços, primeiro as fotos, depois o mandante, faz toda a diferença.
Obviamente, ando lendo Orwell.

terça-feira, outubro 17, 2006

Quando The Banshees acompanham Los Hermanos

Dá pra lembrar da Souxsie cantando Iggy Pop.

The Passenger



Ela deve ter emprestado a banda aos 'Los Hermanos'.

Um par.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Chapeuzinho Vermelho


Ela ouvira muitas vezes essa estória, contada por sua mãe e algumas mesmo por sua avó. Sentia-se totalmente preparada para o que a esperava.
Mas quando ela finalmente atravessou a floresta sozinha e chegou à casa da vovó, o lobo não estava lá.

Imagem: Lady Coffee - Irisz Agocz 2006

sábado, outubro 07, 2006

Nosso incurável romantismo

Escrevi que o nosso romantismo continua o mesmo e, quando reli, achei que precisaria fundamentar:

"Bildung é o valor humano central do romantismo liberal. É uma palavra difícil de traduzir, mas poder-se-ia dizer que engloba uma família de idéias como 'desenvolver uma subjetividade', 'encontrar a si próprio', 'crescer', 'descobrir a própria identidade', 'autodesenvolver-se' e 'tornar-se quem a pessoa realmente é'." (Marshall Berman, Aventuras no Marxismo, p. 23, comentando os Manuscritos de K. Marx de 1844)

Muitas discussões sobre identidade nacional, e também identidade pessoal, ainda perseguem a verdade sobre nós mesmos. Aos românticos, em todos os aspectos, eu desejo boa sorte mas não há como evitar, a cada refundação, inevitáveis desilusões.

Imagem: 'Dust to Dust' de Mark F. Thoburn

sexta-feira, outubro 06, 2006

Pensar a leitura

Hoje tive uma boa conversa com os alunos de Leitura Dirigida sobre técnicas de estudo, especialmente sobre organização, e também sobre leitura (pré-leitura, leitura rápida, análise estrutural, leitura crítica e pós-leitura).

Para ampliar o debate sobre o que podemos considerar leitura, há na Biblioteca Multimídia uma palestra muito interessante.

Baixe aqui ou assista on-line.(pesquise por 'pensar leitura')
Imagem: Irisz Agocz - 2006

quarta-feira, outubro 04, 2006

Quando o Samba vira Flamenco

De quando dois meninos, Raphael e Paco,
depois de muito andarem pelo mundo,
finalmente se encontraram
e se puseram a brincar com o avião de Tom Jobim.

Samba do Avião

E assim o Samba virou Flamenco.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Quando o Samba vira Blues

Na primavera, numa fase de metamorfoses, pensei em metamorfoses musicais.

Vacilão

"Eu e meu marido, passados 15 minutos de viagem, resolvemos ir até o vagão onde eles (seu Jorge e seu grupo) estavam. Quando entramos no vagão...... farra total: todos tinham seus instrumentos em punho e faziam uma roda de samba de dar inveja. Nos divertimos muito. Quando chegamos em Paris a folia não terminou. Fomos ao apartamento do Seu Jorge e continuamos tocando até de madrugada... e foi nesta madrugada que escutei, pela primeira vez, a música ‘vacilão’ do Zé Roberto, que ficou conhecida na voz do Zeca Pagodinho. Mas eu não conhecia! Resultado: meses depois convidei Seu Jorge para gravar comigo esta música no futuro cd ‘wonderland’..." (Badi Assad)

Quando o Samba vira Blues,
Badi vira Ella
E Seu Jorge, Louis.

Mais meta-songs na seqüência.