sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Trecho...

"Mesmo quando ela estava em silêncio, olhava para o seu rosto e era capaz de ouvir a sua voz. O som de veludo, apaziguador, confortárvel, sincero, vivo da sua voz encontrava formas de entrar no interior do meu tempo, no meu próprio interior. Ao fazê-lo, o corpo dessa voz encontrou o tremendo espaço de uma pessoa totalmente vazia: um passado coberto por dúvidas, um presente vago, um futuro que então não existia. E parecia-me nada o pouco que já era: quilómetros e minutos: as pernas a tentarem destruir o mundo de uma maneira que os meus braços não eram capazes. Por isso, a voz dela crescia dentro"

(José Luis Peixoto, O Cemitério de Pianos, pág. 125-6)

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1 Comentários:

At 12 fevereiro, 2007 17:51, Anonymous Anônimo disse...

arrepio :)

 

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