sexta-feira, abril 28, 2006

Xenofonte 1

Depositei hoje parte da minha dissertação para me submeter ao exame de qualificação. Estive elaborando/escrevendo as últimas 48 hs, mesmo durante as 6 hs que dormi.

Quanto mais se escreve, mais se revela. A revelação de si aos outros é inevitável, mas a autorevelação é sempre incerta e, por alguns, até indesejada.

Quando leio os fragmentos que escrevi, mais o meu texto se revela em sua autonomia de mim, do meu controle, da minha vontade. Tenho certeza de que não tenho jeito com as leis - nem Licurgo, nem Péricles - não faço bem o que se chama de ciência ou dogmática jurídica. Também não levo jeito para filosofia - muito menos Zenão - pois demandaria uma habilidade estrita com os argumentos, o que não aparece em meus textos.

Cada vez mais eu-meu-texto revela-se como um cronista. É por isso que preciso nomear este meu-eu-escritor-inconsciente que se apresenta tão diferente, sendo igual: a partir de agora, um pedaço de mim é Xenofonte, o cronista.

5 Comentários:

At 08 maio, 2006 21:32, Blogger Alex disse...

Rogério,

Primeiro que sim, sim e sim, escrever é de fato um ato de desdobramento, re-almamento e aproximação do desconhecido.

Depois eu queria te dizer que precisamos dar jeito nesta barra atrapalhada do blogger aí em cima.

E finalmente eu quero duas coisas: que tu te vires da maneira que der para escrever mais aqui e que mais gente venha te ler.

E que venha Xenofonte!

;)

Forte abraço!

 
At 11 maio, 2006 23:46, Blogger Rogério B. Alves disse...

Caro Cafeína,

Também sinto a minha ausência, daqui e de outros lugares que me são caros.

Espero dar um jeito nisso logo.

Gostaste da Badi Assad?

Um abraço, Rog

 
At 18 maio, 2006 14:49, Blogger Cé S. disse...

Sei não, muitas vezes a escrita é auto-ocultamento. As coisas são complexas, e somos suficientemente perversos.

 
At 19 maio, 2006 00:09, Blogger Rogério B. Alves disse...

César

Saudades de mim, saudades de ti.
Prazer encontrá-lo por aqui.
Esperamos tua volta ao Sul.
A minha escrita me desnorteia porque me escapa e me mostra outro, ocultando o que gostaria de mostrar e, muitas vezes, ao 'mostrar' o que nunca pensei 'dizer' - como diria o velho Witt.

 
At 31 maio, 2006 22:47, Anonymous Anônimo disse...

Ei! Alegre de saber que rolou... Quanto ao teu escritor, vá lá: a crônica é uma forma bem brasileira de filosofia. Se filosofia fosse apenas argumento, seria pura perversão do espírito.
Abraço,
Renato.
PS. Quanto ao auto-ocultamento, desvelamento, etc., concordo com os dois. Mas tem também: quando escrevo, crio um pouco de mim mesmo.

 

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